No
sábado seguinte ao primeiro encontro com o Henrique, nós marcamos de nos ver.
Tínhamos combinado de nos encontrar em uma estação do metrô e de lá iríamos à
um shopping. Eu cheguei e fiquei esperando, mas quase uma hora depois ele ainda
não tinha aparecido, só enviou um sms dizendo que estava chegando. Até que ele
me ligou pedindo pra encontrá-lo em outra estação, pois ele havia perdido a
chave do carro e estava desesperado.
Fui
até a outra estação, e ele estava lá, muito nervoso e agitado, pois o carro era
da irmã dele e teria que passar a noite em um shopping onde ele havia
estacionado. Saímos da estação e fomos para este shopping, que ficava a poucos
quarteirões dali.
Nós
caminhamos e conversamos até chegar ao shopping. Achei muito fofo ele passar o
braço por trás de mim e por a mão na minha cintura quando a gente ia atravessar
uma rua movimentada. Ele fazia isso de uma forma tão discreta e natural que eu
me sentia seguro perto dele. Conforme a gente conversava ele foi se acalmando.
Chegamos
no shopping, andamos um pouco, paramos para tomar um suco, depois sentamos no
banco de uma praça que ficava do lado de fora e ficamos conversando. Ele estava
ainda mais lindo que da primeira vez que nos vimos, principalmente por ter
deixado a barba por fazer, ficou um gato. Mas estava ficando tarde e o céu
começou a escurecer. Tínhamos que voltar pra estação do metrô e as ruas eram
meio sinistras e desertas, então achamos melhor irmos logo.
No
caminho, o Henrique ficava olhando pra mim, sem dizer nada. Eu olhei pra ele e
perguntei “O que foi?”, ele respondeu
“Nada não” em seguida olhou pra
frente, mas um tempinho depois ele estava olhando pra mim de novo, eu fiz a
mesma pergunta, e ele respondeu “Você não
olha pra mim”, eu sorri e disse “Olho
sim, você que não percebe”. Ficamos trocando olhares, até que viramos pra
frente e percebi que estávamos em uma rua escura e deserta, só havia uma mulher
mais pra frente, vestida com roupas curtas de uma forma bem vulgar, tinha também
um motoqueiro vindo na nossa direção, mas parou e começou a falar com a mulher.
Então eu percebi que na verdade era uma garota de programa. Chegando mais perto
reparei que não era exatamente uma “mulher”, se é que vocês me entendem, rsrs.
Então
eu pensei, “Tudo bem, só vamos passar
reto e ir embora”. Passamos pelo “casal”, mas aí olhei pro lado e o
Henrique começou a andar cada vez mais devagar até que parou, ele olhou
fixamente pros dois e disse “Como ele tem
coragem? Deve até ser um pai de família” e eu respondi “Isso acontece. Vamos embora?”. Comecei a
ficar com medo, chamei ele uma três vezes, mas o menino empacou no meio da rua
e continuava encarando aquela cena de longe, estávamos quase na esquina da rua
onde íamos entrar. Aí escutei passos e vozes vindos da esquina, quando eu olhei
haviam mais três “garotas” vindo na nossa direção. Não pensei duas vezes,
peguei firme no braço do Henrique e falei “Vamos!!!”
e finalmente ele percebeu que eu estava assustado e começou a andar.
Entramos
na outra rua e estávamos sozinhos de novo, me senti mais aliviado, então olhei
pra ele e perguntei “O que aconteceu que
você parou de andar? Aqui é perigoso!” ele repetiu a mesma conversa que não
se conformava com aquilo.
Estávamos
chegando em outra esquina onde entraríamos, e quando chegamos mais perto vi que
tinham mais duas “garotas”. Elas estavam praticamente nuas, com um micro
fio-dental e paradas naquele lugar. Era o ponto delas, e passaríamos por ali.
Passamos, e uma delas olhou pro Henrique e falou “Humm barbudinho hein, assim que eu gosto”, olhei pra ele e ri, mas
ele estava muito sério. Em seguida olhei pra ela e pensei “O barbudinho é meu, e você nunca terá, rsrs”.
Quando
estávamos quase na metade do quarteirão, ele voltou a ficar olhando pra mim em
silêncio, olhei pra ele e perguntei mais uma vez “O que foi Henrique?” ele sorriu e respondeu “Nada não”. Não resisti àquele sorriso lindo e parti pra cima dele,
no meio daquela rua sombria e sinistra, beijei e abracei ele com toda a vontade
que eu estava, afinal fazia quase uma semana que não beijava aquela boca
gostosa. Virei ele contra a parede e, quando estávamos quase encostando nela,
as “garotas” nos viram de longe e começaram a gritar “Nossa! Arrasou hein meninos! Eu também quero!”. Começamos a rir, e
o Henrique disse “Vamos sair logo daqui”.
Viramos
em outra rua e ele me disse “Não acredito
que você me beijou no meio da rua”, eu ri e falei “Eu também não, mas vai dizer que você não queria?” aí ele confessou
que queria sim, mas nunca pensou que eu fosse agarrá-lo no meio da rua. Então
finalmente chegamos na rua da estação, que é bem mais movimentada. Ele me
desafiou a beijá-lo naquela rua, mas ele percebeu que eu iria cumprir este
desafio, então ele riu e falou “Não! To
brincando, aqui eu não tenho coragem”.
Chegamos
no metrô e nos despedimos, pois ele iria pegar um ônibus ao lado da estação. Na
despedida, nos abraçamos bem forte, e senti que ele me deu um beijinho no
pescoço.
Então
eu voltei pra casa, com a certeza que o Henrique era o cara perfeito pra mim.
Só que o Lucas ainda estava na jogada...